O açúcar é um ingrediente muito apreciado pela população como um todo. Quem não gosta de um docinho de vez em quando? Quem ama doces nunca consegue comer um só… e isso tem que ser repensado.
Os doces são carboidratos altamente calóricos e ricos em gordura, que tem como função dar disposição e energia. Quando se ingere quantidades em excesso e com uma vida sedentária ou com atividades insuficientes para o gasto dessas calorias, esse excesso é revertido em tecido adiposo para ser armazenado, o que pode levar à insatisfação com aparência e a doenças mais graves como hipertensão, além da obesidade.
O problema é que o açúcar vicia assim como o cigarro, as drogas e o álcool e pelo seu potencial calórico, podendo provocar outros problemas na mesma proporção como alteração da pressão arterial, desequilíbrio do metabolismo e função hepática.
Ao consumir grandes quantidades de açúcar, a capacidade de concentração e memória podem ser afetadas em pouquíssimo tempo e causar danos irreversíveis. Além disso, ele tem sido apontado cada vez mais como inimigo da saúde, podendo também gerar inflamações no corpo e ser associado ao diabetes e distúrbios cardiovasculares.
Já viu quantas comorbidades foram citadas pelo consumo de doces e açúcar em excesso? E não são só essas, vejamos outros efeitos no organismo:
- CÉREBRO: Principal combustível é a glicose (açúcar) – ocasiona uma rápida sensação de bem estar (comer por recompensa), fazendo com que se sinta feliz nesses momentos. Belisca-se doces várias vezes ao dia, ao longo prazo, podendo assim desencadear no organismo aterosclerose (placas de gordura nas artérias do cérebro) e aumento do risco de AVC.
- CORAÇÃO: É um dos órgãos mais afetados pelo excesso de açúcar que pode provocar formação de placas nas artérias coronárias, aumento de radicais livres que vão agir na camada que protege as artérias (endotélio), provocando uma lesão que podem provocar coágulos (trombos), levando a uma redução do calibre das artérias afetando a pressão arterial, levando a vasoconstrição (contração dos vasos sanguíneos).
- PÂNCREAS: É um órgão responsável pela captação da glicose pelas células. Quanto mais açúcar estiver no sangue, mais ele liberará insulina. Daí ela deixa de ser suficiente, fazendo com que o órgão trabalhe mais até atingir a capacidade máxima, levando a falência do órgão, produzindo menos insulina, podendo resultar no diabetes.
- RINS: Os rins tentam eliminar o excesso de açúcar, o que acaba por sobrecarregá-lo, ocasionando perda de proteína na urina (proteinúria), podendo evoluir para a perda renal.
- FÍGADO: Devido ao excesso de insulina pelo pâncreas através da grande quantidade de açúcar ingerido, esse açúcar acaba sendo armazenado na gordura visceral e dentro do fígado (esteatose), que é o acúmulo de gordura no fígado, podendo evoluir para a esteato-hepatite (inflamação do fígado pelo acúmulo de gordura), seguindo para a fibrose do fígado, chegando à cirrose.
- INTESTINO: Há um desequilíbrio da flora intestinal, causando diarreia, dor abdominal, excesso de gases, mau hálito e falta de vitaminas (dificuldade de absorver vitaminas dos alimentos pela flora inflamatória).
- PELE: Aumento da oleosidade causando acne, aumento da dermatite seborreia e descamação facial. Muito açúcar pode aumentar a sudorese.
Dicas para reduzir o consumo de açúcar
O adulto que tem o hábito de consumir açúcar em excesso, deve diminuí-lo gradativamente, evitando assim crises de ansiedade e retrocesso nos ganhos de saúde. Portanto, deve-se:
- Evitar consumir refrigerantes e sucos adoçados;
- Moderar o consumo de sucos naturais ricos em frutose;
- Reduzir ao máximo o consumo de pães, bolos e massas (farinha refinada);
- Preferir arroz integral ao branco;
- Consumir cafés e chás sem açúcares, de preferência ou utilizar adoçantes saudáveis e de baixo índice glicêmico.
Crianças também precisam ter uma atenção especial na questão da ingestão desse carboidrato, afinal, elas adoram doces, refrigerantes e outras tantas guloseimas adocicadas e que a médio e longo prazo, poderão trazer sérios problemas de saúde, não esquecendo também ao aparecimento de cáries.
O açúcar refinado, que é muitíssimo consumido, pode ser substituído por outros, como o mascavo, o demerara ou de coco, que possuem nutrientes aproveitáveis ao organismo. Só não podemos esquecer que qualquer um desses é um carboidrato de rápida absorção e possuem calorias, por isso, o ideal é consumi-los com moderação e adotar hábitos mais saudáveis.
Quando mudamos de comportamento, a vontade de comer doces e outras guloseimas açucaradas que prejudicam a nossa saúde vai diminuindo e outras dicas servem para auxiliar esse processo:
- Adote o hábito de ler os rótulos dos alimentos, preferindo alimentos 100% zero açúcar;
- Evite fast-foods, pois possuem grandes quantidades de açúcar nos molhos em geral;
- Prefira fazer, se possível, refeições em casa, assim é possível controlar o que se ingere;
- Caso tenha dificuldade de cortar o açúcar de sua alimentação, substituí-lo por um menos calórico e com maior índice de nutrientes.
Pensando no quanto o alto consumo de açúcar através de produtos industrializados vem se tornando cada vez mais comum pela população em geral, existe em tramitação no Senado, uma proposta de Emenda Constitucional (PEC) 110, que propõe uma discussão nacional sobre quais produtos que podem afetar a saúde e o meio ambiente.
Segundo o artigo do Jornal O Globo ” Os candidatos a ser a ‘nova nicotina’ ” de 23.10.2021, a proposta é de que esses produtos tenham uma tributação mais elevadas, sendo que as bebidas açucaradas lideram a lista, medida essa apoiada por especialistas brasileiros. Outros países já tomaram essa iniciativa, como por exemplo os EUA e o Chile, visando diminuir principalmente, o consumo de refrigerantes.
Não é uma tarefa fácil, com tantos produtos “doces e saborosos”, nas prateleiras das lojas e mercados, nas propagandas diárias das mídias, com seus coloridos e chamativos comerciais. As iniciativas tomadas para se tentar frear o exagerado consumo desses produtos, deveriam ser seguidas por todas as nações, aliadas a uma política de educação nutricional visando a saúde da população e prevenindo o aparecimento de comorbidades.
Fontes : https://uol.com.br
Jornal O Globo: artigo Os candidatos a ser a ‘nova nicotina’ publicado em 23/10/21