Ter bons hábitos de vida, como manter uma dieta equilibrada e nutritiva, dormir bem e praticar exercícios regulares, é importante para a saúde física  e fundamental para a saúde mental. Uma vez que ajudam na produção de inúmeras substancias, como serotonina e dopamina, que tem papel essencial na sensação de prazer, ingredientes vitais para a prevenção de transtorno da mente.

Uma pesquisa da Universidade de Melbourne (Austrália),  demonstrou que um grupo que passou a comer mais alimentos in natura (vegetais e frutas), diminuiu a ingestão de doces e comidas ultraprocessadas e cortaram o excesso de carnes vermelhas, melhoraram as alterações de humor e ansiedade, atingindo critérios de remissão em mais de 32% dos participantes. Os autores do estudo afirmam que “Esses resultados indicam  que a melhora da dieta alimentar pode fornecer uma estratégia de tratamento eficaz e acessível para o manejo desse transtorno mental de alta prevalência, cujos benefícios podem se estender ao manejo de comorbidades comuns”.

Outro estudo feito pela Universidade de Tóquio (Japão), comprovou que a atividade física pode reduzir drasticamente as chances de depressão em idosos. Os cientistas acompanharam durante dois anos, um grupo com mais de 65 anos sem histórico de transtornos mentais. Os resultados apontaram que: 1) quem não fazia exercício teve mais chances de desenvolver quadro depressivo do que praticava atividade física mais de duas vezes na semana, 2) a chance de surgimento da doença nos sedentários de 1,5 vezes maior em comparação com quem praticava exercício sozinho, 3) o risco se multiplicava por 3 vezes na comparação com quem praticava atividades em grupo.”Os cientistas concluíram que os benefícios mais acentuados para aqueles que se exercitaram em grupo, se devem a fatores como, maior adesão ao exercício (se sentem mais motivados), melhora de fatores psicológicos (como prazer e diminuição do estresse) e ganhos sociais (redução as sensação de solidão)”.

Pesquisas também demonstraram que a atividade física ajuda a prevenir e tratar  transtornos mentais em qualquer idade. Exercícios de alta intensidade liberam endorfina, um analgésico natural produzido em nosso cérebro que reduz dores e ainda gera a sensação de prazer. Já as atividades de baixa intensidade, com um tempo prolongado, estimulam proteínas chamadas fatores neurotróficos, que fazem com que as células nervosas cresçam e façam novas conexões.

Neurocientistas já notaram que as pessoas deprimidas tem hipocampo cerebral (região que ajuda a regular o humor)  menor e que as rotinas físicas auxiliam no crescimento de neurônios nessa área. “A atividade física é considerada o tratamento comum de todas as doenças crônicas, seja diabetes ou depressão. Quando o transtorno não é grave e não há necessidade de uso de medicamentos antidepressivos, o exercício é sempre o melhor remédio” afirma o psiquiatra Luiz Scocca.

Um estudo feito pela Universidade de Columbia (EUA), analisou o sono e apontou que passado um ano do início  dos problemas para dormir, as pessoas com insônia apresentam maior risco de desenvolver depressão mesmo sem qualquer tipo de diagnóstico prévio. Segundo a pesquisa essa relação tem, entre seus mecanismos, mudanças na função do neurotransmissor serotonina. As interrupções do sono podem afetar o sistema de estresse do corpo, interrompendo os ritmos circadianos. “Distúrbios do sono são um fator de risco para depressão em indivíduos de qualquer idade, aumentando a gravidade , a duração e as taxas de recaída. E isso qualquer um pode sentir na pele. Após uma noite mal dormida, sentimos maior irritabilidade, mau humor, entramos quase em modo de sobrevivência”, explica o médico Sley Guimaraes.

Aumentar o nível de contato com a natureza também está se tornando uma prescrição comum de médicos como parte do tratamento contra a ansiedade. Apesar de ser uma área nova, já existem trabalhos que comprovam os benefícios do contato com a natureza. Uma análise feita pela Universidade de East Anglia (Inglaterra), descobriu que passar mais tempo ao ar livre e em espaços verdes, pode trazer benefícios substanciais decorrentes da redução dos níveis de cortisol salivar (um dos marcadores do estresse).

E ficar mais tempo ao ar livre traz benefícios que vão além da saúde mental. Apontaram uma diminuição do risco de diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, mortes prematuras e partos prematuros. Além de aumentar a duração e a qualidade das noites de sono.

A ciência e a tecnologia  nos permitiu melhorar os diagnósticos e os tratamentos. E neste caso a ciência veio trabalhar a nosso favor e comprovar o que nossos avós já sabiam, ou seja, que uma boa alimentação, exercícios, sono e contato com a natureza somente fazem bem para saúde física e mental. E que os transtornos da vida moderna  afetam estas quatro ações acima.

Fonte:

Artigo do Jornal O Globo publicado em  26/09/2021

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