Sabemos o quanto as propagandas em cima de produtos industrializados influenciam na alimentação das pessoas em geral, principalmente em crianças.
A indústria alimentícia como um todo, vem desenvolvendo uma série de produtos ultraprocessados que encantam por sabores e praticidade e que não são tão saudáveis quanto deveriam. Biscoitos recheados, embalagens chamativas e coloridas, salgadinhos de pacote imitando aromas naturais, refrigerantes e macarrão instantâneo, são só alguns exemplos do que a tecnologia alimentícia pode desenvolver.
Segundo informações do Ministério da Saúde, alimentos ultraprocessados são os que passaram por muitos processos industriais a ponto de se tornarem DESEQUILIBRADOS NUTRICIONALMENTE.
Quando entramos em um supermercado, a diversidade desses produtos e o destaque dado à eles se sobressai a tal ponto que os “alimentos de verdade”, como frutas , legumes e hortaliças, entre outros, ficam em segundo lugar, o que interfere negativamente na qualidade de vida da população. E olha que estamos comentando somente o aspecto nutricional, sem falar nos aspectos econômicos, comerciais e marketing com relação ao respeito com os consumidores.
De acordo com o Guia Alimentar para a População Brasileira, os alimentos ultraprocessados, são ricos em açúcares, sódio, gorduras e outras composições industriais e devem ser evitados por aumentar o risco de obesidade e outras doenças relacionadas a uma composição nutricional desbalanceada, como diabetes, problemas cardíacos e alguns tipos de câncer.
Não poderíamos deixar de assinalar alguns fatores que também contribuem para o reforço desses hábitos alimentares de consumo, como a renda das famílias e a demanda, a urbanização e a globalização, além de mudanças demográficas e socioeconômicas.
A renda das pessoas influencia diretamente nas escolhas feitas no consumo de alimentos, que acabam sendo os de baixa qualidade nutritiva, ricos principalmente em açúcares e gorduras, portanto, essas pessoas com o tempo, podem desenvolver doenças como obesidade e outras provenientes da má alimentação.Como exemplo, podemos citar, nuggets , sucos de caixa e salsichas.
A globalização e a industrialização, proporcionaram o surgimento de alimentos processados, que acabam sendo de difícil acesso a essa população com renda mais baixa, em virtude da diferente agregação de valor aos produtos que acabam sendo destinados à parte da população que detém maior nível de renda. São comidas de fast food e doces, o que não significa qualidade nutricional , levando estas pessoas cada vez mais a desenvolverem excesso de peso.
Só para ressaltar, alimentos processados são aqueles fabricados pela indústria em um processo que envolve adição de açúcar, sal ou outras substâncias a um alimento in natura, tornando-o mais durável, mais agradável e mais atraente ao paladar, otimizando assim, a facilidade de seu consumo.
A urbanização e globalização trabalham em conjunto pontos positivos e negativos no consumo de fontes alimentares. A migração para os centros urbanos fez com que, supermercados e lojas maiores substituíssem os mercados tradicionais nessas regiões, facilitando o acesso à alimentos pré-cozidos, salgados, açucarados e gordurosos.
A inserção da mulher no mercado de trabalho e com isso, a sua redução de tempo em família, contribuiu para a diminuição de horários na preparação de refeições saudáveis (tradicionais), aumentando o consumo de refeições semiprontas, fast food e lanches rápidos.
Segundo artigo do Jornal O Globo , “Distribuição de produtos no mercado influi na dieta” por Laura Camacho, um estudo divulgado pela BioMed Central (BMC), com dados da Kantar, os supermercados são o principal canal que a população usa para comprar alimentos e que a metade das decisões dos consumidores não são planejadas, por isso a colocação dos produtos nesses estabelecimentos tem um papel preponderante.
A disposição dos produtos e a sua influência ou não na aquisição deles, tem sido alvo de estudo pela Universidade de Southampton do Reino Unido e publicado na Revista PloS.
Na pesquisa, foi comparada a compra de determinados produtos em várias lojas da mesma rede após alteração dos displays. O resultado obtido foi que, houve um aumento de vendas de frutas e hortaliças naquelas lojas onde estes produtos estavam em destaque. Adicionalmente, também foram retirados doces e alimentos não saudáveis das caixas registradoras substituindo por produtos não alimentícios como pasta de dente.
A realidade é que as indústrias querem vender, por isso os produtos são colocados em locais de fácil acesso.
Ainda segundo essa pesquisa, a opção de melhorar a compra do consumidor por meio de mudanças no designer dos supermercados, é uma possibilidade sustentada pelos próprios clientes que aprovaram a iniciativa de como melhorar as escolhas alimentares em saudáveis.
A tecnóloga de alimentos Beatriz Robles, destaca nesse artigo, que as mudanças feitas, são medidas simples de fazer, já que os produtos destinados , não precisam de câmaras frias, mas que além disso, requer um “compromisso importante” das grandes cadeias de distribuição.
Portanto, nossas dicas para você comprar e se alimentar bem são:
– Faça uma lista de compras antes de ir ao supermercado;
– Considere em sua lista frutas , legumes e hortaliças da estação;
– Não vá ao supermercado com fome;
– Evite comprar itens fora de sua lista;
– Se levarem crianças, eduque elas para não ficaram pegando ou pedindo itens extras.
Lembre-se que seu prato precisa estar montado com alimentos coloridos, você é o reflexo do que você come.
Fontes
htpps://ainfo.cnptia.embrapa.br – Mudanças de padrão de consumo alimentar no Brasil e no mundo
Revista de Política Agrícola. Ano XXII – Nº1 – jan/fev/mar – 2013
Jornal O Globo, artigo “disposição de Produtos no Mercado influi na Dieta” por Laura Camacho, 11/09/21
Guia Alimentar para a População Brasileira