Muitas pessoas já devem ter ficado paradas, desligadas do mundo e conversando consigo mesmo. Nestes momentos, revelamos nossos verdadeiros segredos e pensamos nos “prós X os contras”, o “certo X o errado”, o “bem X o mal”. É neste momento que ouvimos um Anjinho nos aconselhando X um Diabinho, também, nos aconselhando, mas para o caminho oposto. Então pensamos: o que fazer?
O Neurocientista e Psicólogo Ethan Kross é professor da Universidade de Michigan onde fundou o Laboratórios de Emoção e Autocontrole. Ele estuda a ciência da introspecção, “as conversas silenciosas que as pessoas têm consigo mesmas: diálogos internos que influenciam poderosamente o modo como vivem suas vidas”.
Um estudo de Kross e Philippe Verduyn, da Universidade de Leuven, na Bélgica, mostrou que quanto mais uma pessoa usa o Facebook, menos satisfeita ela fica com a vida.
Outra pesquisa feita por Kross e um colega descobriu que “a maneira como processamos as experiências negativas pode ajudar a redefinir esse comportamento”.
Eles descobriram que, ao se lembrar de uma experiência passada, se as pessoas usarem técnicas de auto-distanciamento – distanciando-se psicologicamente de uma situação que está acontecendo com elas – “seus níveis de estresse e indicadores de saúde física melhoram, e eles também são mais capazes de resolver problemas e resolvê-los conflitos. “
Todos nós temos vozes internas em nossas cabeças, e precisamos ter habilidade de usá-las a nosso favor. “Isto é uma ferramenta incrível da mente humana que podemos usar nas tarefas mais simples até as mais complexas”.
Entretanto, algumas vezes passamos por experiências ruins ou momentos difíceis, e ficamos presos a pensamentos negativos, seja de, crítica, ansiedade, raiva, desespero, etc. Nesta hora “você tenta encontrar uma solução para seus problemas, mas entra numa espiral negativa em vez disto. As vezes é sobre o futuro, as vezes sobre o passado, até sobre o presente, mas é sempre ruim”.
Esta vóz negativa é capaz de afetar todo mundo, mas de maneiras diferentes. “Para algumas pessoas isso muda de acordo com o momento ou em relação a alguns temas e não a outros”.
Há pessoas mais suscetíveis a essa influência. “Se você olhar pessoas muito ansiosas, depressivas ou agressivas, o falatório interno ajuda a explicar esses estados, porque ela entra num looping. Se está deprimida, a voz repete coisas como: “a vida é horrível, não vou ficar bem. Se sofre de ansiedade a repetição pode ser algo parecido com: o que vai acontecer? O que vou fazer?. Para uma pessoa a ter reações mais violentas, isso acaba alimentado por uma voz que remoe a raiva de outra pessoa, tipo: esse desgraçado!”
Esta questão pode ser resolvida de diversas formas. “ Não há uma bala de prata que ajude todo mundo em todas as situações. No livro, falo de 27 estratégias baseadas na ciência e testadas. Algumas pessoas preferem certas estratégias e outras preferem outras. Há coisas que você pode fazer no calor do momento, como a conversa distanciada, que é falar com você mesmo como se estivesse aconselhando um amigo. Outra é imaginar como vai se sentir em relação a essa situação em um mês”. Outra técnica é o distanciamento temporal, onde podemos sair fisicamente de um ambiente e caminhar por um local agradável, tipo um parque ou área verde, e deixar a natureza fazer seu processo de cura.
Quando temos um problema que não tem solução, do tipo a morte de uma pessoa, mas as vozes não permitem que você esqueça dele, “devemos descobrir do que precisamos para deixar para lá o falatório interno e seguir com a vida. Ás vezes, as vozes apenas consomem sua atenção, seus recursos, dificultando o foco, criando relações fictícias e fazendo você se sentir péssimo. Deixar isto para lá e seguir em frente é o que queremos ajudar as pessoas a fazer, usando sua energia para algo mais construtivo”.
Melhorar este falatório interno pode ajudar as pessoas a alcançarem seus objetivos de vida. Sempre que fazemos planos “focamos muito no exterior, em coisas como nossa aparência física, nossas finanças. Mas uma grande parte da nossa vida é o que acontece internamente. E a possibilidade no novo ano é pensar como melhorar sua saúde mental para que sua vida seja algo mais construtiva. O que acontece na cabeça tem reflexo no resto”.
Eu pessoalmente acredito nestas vozes internas e tenho certeza que precisamos “Equilibrar nossa vida. Corpo, Mente e Espírito para vivermos melhor”. Um corpo sarado com uma cabeça depressiva, ou corpo deficiente em uma mente brilhante, ou um corpo doente em uma alma perdida, nenhum destes casos vai funcionar de forma harmônica. É necessário o equilíbrio da vida.
Escrito por: Aurélio Silva
Referências:
- Texto escrito com base na entrevista de Ethan Kross (Neurocientista) a repórter Constança Tatsch, publicada no jornal O Globo em 26/12/2021.
- Wikipédia – Ethan Kross.