Como todas as atividades celulares dependem de energia, a Coenzima Q10 é essencial para a saúde de todos os órgãos e tecidos.
A Coenzima Q10 tem propriedades semelhantes às vitaminas e auxilia em inúmeras reações do corpo, principalmente na produção de energia. Cerca de metade da Coenzima Q10 do organismo é sintetizada endogenamente, através do metabolismo do colesterol. Mas apesar de ser produzida pelo corpo, ela também é encontrada em alimentos e pode ser suplementada.
As grandes fontes de CoQ10 são as carnes vermelhas, peixe e grãos integrais. Mas a quantidade encontrada nessas fontes alimentares, no entanto, pode não ser suficiente para aumentar os níveis de CoQ10 de forma significativa no corpo. “A biodisponibilidade intestinal da CoQ10 é baixa e, por mais que a pessoa consiga aumentar as fontes alimentares de CoQ10, a chance de absorção e de distribuição satisfatória para diversos tecidos pode ficar aquém do necessário”, afirma a nutricionista Natália Marques.
A suplementação pode vir em cápsulas, comprimidos e por via intravenosa. Segundo a nutricionista Angélica Simões Ferrari os laticínios, vegetais, frutas e cereais possuem níveis muito baixos dessa enzima e, às vezes, é preciso
suplementar. “De acordo com estudos disponíveis na literatura científica, a suplementação de Coenzima Q10 é interessante em alguns casos específicos, como mostra um ensaio clínico randomizado, porém com uma amostra pequena de pacientes (41 indivíduos), que observa que 100mg/dia de CoQ10, por 12 semanas, auxilia na redução de enzimas hepáticas como AST e GGT e de marcadores inflamatórios, como PCR e TNF-Į, em pacientes com doença hepática gordurosa não alcoólica. Outro ensaio clínico randomizado, também com uma amostra pequena, feito com 45 mulheres com diagnóstico de enxaqueca episódica, observou que a suplementação com 400mg/dia de CoQ10, por três meses, melhorou significativamente a frequência, gravidade e duração dos episódios de enxaqueca, quando comparado ao grupo placebo. Além disso, uma meta-análise de ensaios clínicos randomizados, com um total de 2.149 pacientes com insuficiência cardíaca, verificou que a suplementação de CoQ10 contribuiu com a melhora na capacidade de exercício (como duração do exercício, distância caminhada, ou ambos) e na redução da mortalidade desses indivíduos, com doses variando entre 30 a 200mg/dia. Outra meta-análise de ensaios clínicos randomizados, com 575 pacientes, observou que a suplementação de CoQ10 melhorou sintomas associados a estatinas, como dor muscular, fraqueza muscular, cãibra muscular e cansaço muscular, com doses variando entre 100 a 600mg/dia por 30 dias a 1 mês. Por fim, um ensaio clínico randomizado, com 48 pacientes com esclerose múltipla, sugere que a suplementação com 500 mg/dia de CoQ10 por 12 semanas pode melhorar a fadiga e depressão nesses pacientes”, afirma Angelica.
Indicações de Suplementação
Além do envelhecimento, já que a produção de CoQ10 pode diminuir substancialmente com o aumento da idade¹, a deficiência de CoQ10 pode ser causada também por uma baixa ingestão dietética de CoQ10, pela utilização excessiva de CoQ10 pelo corpo ou pela deficiência dos nutrientes primordiais para sua síntese. Angélica destaca os casos em que há necessidade de suplementação: “Vale considerar a suplementação de CoQ10 para pessoas em uso prolongado de estatinas, pois essa classe de medicamentos, utilizada para tratar a hipercolesterolemia, atua inibindo a enzima HMG CoA redutase, impedindo a produção de farnesil pirofosfato, um intermediário na biossíntese de CoQ10, podendo ocasionar uma deficiência secundária desse antioxidante. Além disso, pacientes com miopatias mitocondriais também são beneficiários da suplementação, pois apresentam deficiência de CoQ10”. De acordo com a literatura científica, a suplementação de CoQ10 também possui resultados interessantes em doenças cardiovasculares e inflamação, sendo também avaliada em doenças neurodegenerativas, doenças renais, no diabetes, síndrome metabólica, enxaqueca e na fertilidade humana”.
A suplementação e CoQ10 também é muito comum em idosos, pois conforme vamos envelhecendo, a capacidade do corpo de produzir CoQ10 se reduz. “Estudos indicam que pode ocorrer uma redução fisiológica significativa na produção endógena de CoQ10 com o envelhecimento, sendo interessante também considerar a suplementação desse antioxidante para idosos, principalmente quando se queixam de fadiga com frequência”, afirma Angélica.
Outras indicações muito comuns de suplementação se referem a pessoas que tenham um gasto excessivo ou uma necessidade aumentada de produção de energia – seja por mudança de estilo de vida ou por necessidade de alto rendimento e de pessoas com algumas patologias específicas que podem limitar a produção da CoQ10 ou fazer com que o gasto seja maior, o que chamamos de doenças catabólicas. “Nesses casos, a suplementação é indicada porque a produção endógena é inferior ao gasto”, explica Natália.
Angélica destaca outro ponto importante: “Qualquer suplementação deve sempre respeitar os limites máximos das legislações vigentes, a individualidade de cada paciente e ser prescrita por um profissional qualificado.
Benefícios da Suplementação
“Principalmente os pacientes em uso de estatinas demonstram benefícios com a suplementação da CoQ10, relatando melhora na fadiga e disposição. Porém, o mais importante a considerar é que toda suplementação deve vir acompanhada de mudanças na alimentação. Como a própria palavra já diz, suplementos são para atuarem naquilo que não é possível conseguir através da dieta – seja por uma necessidade aumentada, por alguma patologia associada ou pelo uso de algum fármaco. Dessa maneira, vale enfatizar que são os hábitos saudáveis que promoverão mais saúde e qualidade de vida às pessoas”, pondera Angélica.
O resultado da suplementação não é imediata. “Existe uma melhora progressiva no status de produção energética no corpo da pessoa, que não vê resultado de energia em questão de horas. O uso da suplementação permite um movimento de distribuição dessa CoQ10 para diversos tecidos, podendo melhorar o status energético. Dentro da sintomatologia existe uma expectativa de redução de sintomas relacionados à questão da bioenergética e de redução nos sintomas relacionados ao mau funcionamento tecidual, por exemplo, diz Natália.
Sobre a CoQ10
A Coenzima Q10 é um antioxidante lipossolúvel intracelular, também conhecida por ubiquinona (na forma oxidada) ou ubiquinol (na forma reduzida) e que está presente em todas as células eucarióticas, desempenhando uma ação importante na prevenção da peroxidação lipídica. Sua deficiência está associada à danos oxidativos.
Embora seja um componente comum das membranas celulares, o papel mais importante da CoQ10 é facilitar a produção de trifosfato de adenosina na mitocôndria, participando de reações redox na cadeia de transporte de elétrons. A mitocôndria é onde a maioria dos radicais livres são produzido na célula. A Coenzima Q10 se deposita na membrana interna da mitocôndria e sequestra os radicais livres que são gerados dentro da mitocôndria. Isso quer dizer que a Coenzima Q10 neutraliza as espécies reativas de oxigênio (radicais livres), que antes causavam danos celulares, possibilitando que eles sejam convertidos em compostos não tóxicos para a célula.
Fonte da informação: https://www.nestle.com.br/a-nestle/profissionais-de-saude/conteudos-bio/serie-coenzima-q10-os-beneficios-da-suplementacao-parte-2